20 de ago. de 2007

"Até onde eu sei, não existe nenhum fenômeno de homem engravidando"


"Portugal demorou 12 anos entre um plebiscito e outro (para adotar a nova legislação). A Europa inteira, com exceção da Irlanda, já tem legislação especifica sobre essa questão. É uma tendência mundial", disse o Ministro da Saúde.

"Mas em que momento a sociedade brasileira vai decidir pela flexibilização do que a lei determina hoje é uma interrogação. Pode ser que a população decida manter a legislação atual", afirmou Temporão.

O ministro contou que conversou sobre o assunto com seu colega de Portugal em um jantar nesta semana, em Buenos Aires. "Em Portugal, já foram instaladas 38 clínicas (de aborto) desde a aprovação da lei", disse. A interrupção da gravidez passou a ser autorizada em Portugal em março, após a realização de um plebiscito popular que aprovou a iniciativa, em fevereiro.

Temporão disse que em Portugal a legislação definiu que o aborto é possível durante as dez primeiras semanas de gestação e que em outros países este limite chega a 12 semanas. "Mas o Brasil é o Brasil e Portugal é Portugal."

Segundo Temporão, o importante é que foi aberto o debate no Brasil. "Tiramos o véu que cobria uma questão importante, e a sociedade está discutindo, de maneira madura, os prós e contras da questão", disse. Temporão afirmou ainda que o governo brasileiro não vai intervir neste processo, que está sendo analisado no Congresso Nacional.

Quando questionado se acredita que o aborto será adotado no Brasil, o ministro respondeu: "Pode ser que sim e pode ser que não". O ministro disse que "ninguém" é a favor do aborto, mas que "ninguém" pode negar que trata-se de um problema de saúde pública.

"Se nós todos concordarmos que é problema de saúde pública, o governo pode adotar medidas de planejamento (familiar), e é evidente que isso vai reduzir o número de gravidez indesejada", disse.

"As mulheres ricas e de classe média resolvem isso (aborto ou prevenção) da melhor maneira. As pobres se colocam em situação de risco e podem ficar estéreis ou acabar morrendo. E essa é a questão que deve ser discutida."

Temporão reiterou suas críticas contra os homens que, na maioria dos casos, são os que condenam o debate sobre o aborto no Brasil. "Até onde eu sei, não existe nenhum fenômeno de homem engravidando", disse. Para o ministro, os que rejeitam a proposta são homens "conservadores", prescrevendo para a sociedade como ela deve regularizar ou controlar, como afirmou, o "corpo das mulheres".

O ministro defendeu que as mulheres expressem o que pensam sobre o aborto - por serem as mais interessadas nesse debate.

Um comentário:

Anônimo disse...

acho que o aborto merece maior discussão (ainda que eu seja, prioritariamente, contra). bom, mas há algum tempo comecei a pensar... e os homens? pq os casos são tantos. é a menina que resolveu dar com 15 anos, sem pensar muito, pra manter o namorado; é a mulher que se sente inferior e não sabe disso e não "pode" contar ao cara com o qual está tendo um caso; é a moça cujo namorado está dando $ pra abortar e não vai contar para ninguém; é a dona de casa mt pobre que já tem X filhos e às vezes falta anticoncepcional no posto de saúde e ela nem "pode" pensar em pedir pro marido usar camisinha, ele ficaria bravo e ela tem vergonha; é a jovem mulher trabalhadora cujo "namorado" é casado e "bem de vida" e está exigindo um aborto; é a menina que mora na periferia e quer ser a mais desejada, para fazer inveja e inconseqüentemente dá para todo mundo; é a jovem que não se valoriza e acha que vai ser abandonada quando o namorado souber; quer dizer... é sempre a mulher! poxa, os homens não podem ficar sabendo pq vão abandonar, ou pq vai destruir o casamento deles, ou pq vão julgá-la, ou pq são jovens de mais e vão sair correndo. enquanto não houver um debate sobre paternidade - e um debate mt bem enfrentado - essa irresponsabilidade masculina, cultural inclusive, sobre a paternidade e o planejamento familiar, vai continuar.

tem gente que fala em prender a mulher que é capaz de fazer um aborto, mas e o cara? (não que alguém tenha que prender alguém). sei que um aborto é horrível, mas pq não há uma responsabilização por parte de um CASAL quanto à gravidez que podem gerar?

bom, agora com relação ao seu comentário na visita ao meu blog (obrigada). também acho que P. Alegre tem uma cena veg bem legal, bem bacana. tem mt gente tipo "simpatizante", que quando come fora, come veg. bom, eu estou veg (sem nenhum tipo de carne) há bastante tempo e estou bem vivinha. :)

até mais! bj.